Pois saibam, senhores. Escrever ajuda – e muito – a vencer alguns dramas e recalques pessoais. Já dizia T. S. Eliot que “escrever é fugir da emoção”. É claro que
quando se escreve sobre si mesmo, sobre situações vividas pessoalmente, a
chance de fugir da verdade é muito maior. O escritor afasta
completamente a imparcialidade. Isso pode
vir da vontade de se enganar e também tentar enganar aos outros sobre o
que se está sentindo. Mas reflete também a intenção de escapar das coisas ruins, tentando mostrar que está tudo bem. Vou logo ao ponto, sem recalques, sem desculpas, sem mentiras.
Tudo que era bom foi embora e só restou angústia.
Eu, antes a pessoa mais paciente, vivo em constante aflição. Tudo tem
que ser para agora. As soluções têm que ser todas em curto prazo. A
angústia que eu antes curava – ou tentava ajudar a curar – agora me
dominou completamente.
Quero que essa dor vá embora e escrevo, escrevo porque não posso mais falar.
Prometi que não falaria mais e fico arrumando formas de contornar isso.
Nem sei se estas ideias jogadas serão lidas, espero que sim. Mas, na
verdade, a cada dia menos importa. A tristeza é assim, um dia ela vai
embora.
Sou morno, num mundo que não admite o meio-termo.
Sou a garota gente boa, que age dentro do que está determinado. Nada
mais. Mais uma, qual a diferença? Não sei, mas eu quero mudar. Substituo
oficialmente as sessões dipsomaníacas, a partir de hoje, por sessões
literárias. Colocar os sentimentos na janela, abrir as idéias para o
mundo. Quem quiser, que leia. São todos bem-vindos: recalcados,
depressivos e idiotas de todo gênero, desde que sejam boas almas.
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